segunda-feira, 13 de junho de 2005



Jornada

Um quarto branco onde jazia
Um quadro branco onde fingia
Um corpo branco que não sorria
Uma parede branca de sangue tingida
Um sonho branco que assolava
Uma pomba branca no céu galgava
Uma alma branca que flutuava
Um carro branco a levou
Uma igreja branca de onde se despediu.
Negra viagem a que o povo assistiu.



És (lado B)

Aquela música que me faz vibrar,
De seda o vestido que quero tocar
A cor que tinge o céu pintado
O brilho mais forte no azul estrelado
A pedra na tiara que mais reluzia
O grito que rasga a monotonia
A eleita, a estrela cadente
À qual peço um desejo ardente
Água, transparente, preciosa
O cheiro intenso de uma rosa
A divindade a quem presto louvor,
Na ausência reflexo é dor.
A musa de que fala a canção
A metade quebrada do coração
A liberdade em si o compromisso,
A relação um mero esquisso.
Uma poesia jamais lida,
Luz que dá o sentido à vida.
A aura que me protege do suplício,
Quero que sejas o meu único vício.