sexta-feira, 6 de outubro de 2006



Só na dor é que te lembras que estás vivo

Parece que estás num sonho
E tudo corre bem.
Desvias-te das balas, das armadilhas,
Não deves nada a ninguém.
Escolhes quem tu queres,
Dominas os demais,
Espalhas charme e magia
Mas precisas sempre mais.
Conta-me histórias que viveste
E mente-me sem pudor,
Vou fingir que sabes tudo,
Que já saboreaste o amor.
Haja o dia que conheças
A metade que perdeste.
Foste sendo provado,
Tudo não passou de um teste.
A vida mais não é que um jogo
E se não pagaste o crédito,
É momento em que perdes
Que finalmente paras e pensas:
Todos temos de assentar um dia.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006



A palavra muda o mundo

Não sei se o que sinto é saudade ou medo,
Esta ausência que me invade, perturba e cedo.
Deito-me no sofá e olho o tecto branco,
Vejo sombras mexerem-se num frenesim,
Parecem alegres aos pares, as malucas,
Numa festa colorida e sem fim.
Flúi um rio de pensamentos
Que me arrasta a um mar de fantasia.
Encontro-te nos meus sonhos, viva,
E grito ao mundo o tanto que te quero
E abro os olhos. E danças só para mim.
Nada és escrito por mero acaso.
Nada perdura sem sentimento.
Quando faço amor com as palavras
É sempre a tua face que vejo.



O poder das palavras

Conheces o peso das palavras
Que debitas sem pensar?
Tens noção do impacto,
Do perpétuo mal-estar?

Porque me culpas e me feres
Só por não ser igual a ti?
São essas frustrações que transferes
Que me fazem afastar assim.

És incapaz de domar esse ciúme,
Essa dor que te consome.
Não és mais que um frustrado
De mal com Valentim.

Que devo eu te responder?
Se em cinco minutos apenas
E sem me aperceber,
Te ataco e faço sofrer.

A esperança que invade e lavra
Um sonho, uma expectativa.
De ti ainda anseio a palavra
Que por certo não é "obrigada".