quinta-feira, 26 de maio de 2005



És (lado A)

O ruído que distorce a música da vida
A farpa que existe numa pele macia
A cor errada dum quadro pintado
Um grito que rasga o silêncio sagrado
A névoa que turva uma esbelta visão,
Na camisola tu és o cotão
O risco que estraga a pintura do carro,
Naquela noite foste o último trago,
És a nuvem que tapa o pôr-do-sol
A faísca que faz explodir o paiol
A chuva que estraga uma tarde de Verão
A gordura que suja o fogão
A doença que afasta a vitalidade
A poluição que atinge a cidade
O buraco que há na conta do banco
A perna mais curta dum sujeito manco
A corrente que castra a liberdade do cão,
Num compromisso és a traição
Aquela presença minha inimiga,
És o fantasma que me assombra a vida.

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