sábado, 27 de janeiro de 2007



Por fim o fim

Se tudo o que começa um dia vai acabar,
De tudo o que fiz o que irá sobrar?
Tanta hora perdida a tentar fazer o bem,
Agora vejo se me vale, se acabo a arder também.
No dia em que morrer não vos quero ver chorar
Mas quero tê-la a sofrer, senti-la a desabar,
A meditar no que descartou no quis acreditar,
Nas opções que tomou, na estrada que quis trilhar.
Quanto tudo acabar, insisto que me queimem.
Como alguém que amou só peço que me amem.

Se tudo o que começa um dia vai acabar,
De tudo o que fiz o que irá sobrar?
Tanta hora perdida a viver em pecado,
Não sei quem me ensinou, já veio encrostado.
No dia em que morrer irei por fim descobrir
Se sempre existe Diabo se me andaram a mentir.
Na fantasia em que vivi, a charada perniciosa,
Ao jogo infame acedi, à amante ardilosa.
Quando tudo acabar, sei porque cumpri,
Pois o decreto de amar não existe sem ti.

Se tudo o que começa um dia vai acabar,
De tudo o que fiz o que irá sobrar?
Tanta hora perdida a viver em alucinação,
Habitei os planos que fiz, na mais pura ilusão.
No dia em que morrer abrirei um caminho
Para quem nascer não cravar este espinho.
Não me arrependo do que fiz, do curso traçado,
É como quem diz, aquilo que me foi dado.
Quando tudo acabar, peço que me recordem.
Larguem-me ao mar e vejam-me voar…

domingo, 7 de janeiro de 2007



Declaração

A todos os meus, para quem me ama e a todos os que me querem.
Obrigado por existirem, para que fique registado:
Sou sentimentalista e choro, deixo-o bem claro;
Sabem todos quem o são e o que me dizem,
Sou mais um vosso irmão e não deixo que vos pisem.
Nós não somos do mesmo sangue nem precisamos,
O que interessa é o sentimento, é aquilo que nós damos;
E estamos uns para os outros como na tropa,
Por curto que seja o saco não fica ninguém de fora;
Há sempre mais um prato, um copo ou uma cama,
Sei que se precisar vos chamo e ninguém reclama.
Passamos a semana ou um mês sem nos ver,
Nem sei que verso é este, puto, só mesmo pa' encher…
Cada um com sua vida, cada um na sua cidade
Mas somos tipo elo bem ao estilo de irmandade.
Não temos o anel nem promessa de amor eterno
É a amizade que une, imune ao mal externo.
Sem espaço para a inveja ou azo ao cinismo,
Quem não quer não aparece e não há stress nisso.
A todos os meus manos, desejo do futuro
Essa vida preenchida e bolso com conteúdo.
Continuem como são e gozem os enfermos,
Eu faço a minha parte, encontramo-nos no inferno.
Sempre disponível estilo número de emergência,
Seja para o que for já sabem, corta a minha ausência.



Sem medo(s)

Levanta-te meu puto, há aí tanto por fazer,
Pega-me nessa mala e põe-te a correr;
Ainda não é dia e já andas cansado,
Essa noite longa, foi de chorar no estrado.
Se não fazes por ti bem escusas de rezar;
Acredita… não é Jesus quem te vai salvar.
Não cedesses à preguiça e tinhas alguém
Se existe quem mereça te deixa aquém.
A dama não saliva pelo “Ferreira” comodista;
Anseiam por acção, querem-no artista.

Tanta vadia que te quer mas tu não facilitas,
Fazes-te esquisito e depois… não picas.
O que há mais por aí é quem não acredite
Mas quem ama fica por mais pobre que se fique.
O que elas querem são euros, é isso ou atenção,
Por mais paixão que haja queima-te o cartão.
Exigem e merecem tudo o que tiveres para dar
E se todo o macho aceita é de aproveitar.
Levanta, meu puto, ergue essa cabeça
Segue-lhe o cheiro e dá-lhe na mesma.