sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006



Revolta

Será que não entendem o que estou a falar?
Será que não percebem o que quero dizer?
Será que sou eu que não me faço entender?!
Ou simplesmente escutam e não querem saber?

Não percebo metade do que falo,
Não digo metade do que sei,
Mas podes por na cabeça,
Eu sei como ninguém.

Não querem saber,
Não se importam com o que passa,
Uma passa, queimados, miolos estrangulados,
E eu é que não sei, sei-o e digo o que tenho a dizer…

Os interpretes mudaram a conversa é a mesma,
O mesmo paleio, curto de horizontes
E pontes que caíram podres de não usadas,
Os ricos mais ricos, vivem em contos de fadas.

Fontes que jorram os dinheiros comunitários,
Otários, que deixam ir na conversa fiada,
Fiada a comida que põem à mesa;
Pobres coitados já nem a põem tesa.

Uns os que trabalham e suam a camisa
E os outros que levam a amante ao Tamisa.
Os primeiros que lutam para ter suas reformas,
As reformas curtas que chegam ao reformado.

Reformado, conformado, destroçado,
Sem esperança vive o de pele engelhada,
O Tuga cansado da mentira eleitoral,
Feitas as eleições o mesmo destino fatal.

Eu sei do que falo, vejo, escuto e leio.
Farto dum passado que promete e não cumpre,
Estou a exigir justiça social,
Mas mesmo que se fale do assunto é assunto trivial.

Atender, receber, esconder e desprezar…
Há os que comandam e os que se deixam arrastar,
Uns terceiros que sabem e não se metem ao barulho,
Pelo preço certo, calam e enchem o bandulho.

Sabes ou não queres saber?
Preocupas-te ou não queres dizer?!
Entendes ou não me queres ouvir?
Lamento, mas já não me fazem sorrir.

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